Quando os pacientes continuam a acreditar que têm mau hálito, apesar do hálito estar devidamente tratado, fato confirmado pelo profissional que o tratou, por aparelhos que medem o hálito e por familiares, por detrás dessa insegurança pode estar a Ansiedade ou Fobia Social, que é um distúrbio caracterizado por um medo persistente de críticas, desaprovação ou de rejeição pelos outros. Os resultados da minha pesquisa de mestrado em Psicologia indicaram que 50% dos pacientes que têm Consequências Psicológicas da Halitose severas, também têm sintomas típicos do Transtorno de Ansiedade Social, nome atualmente mais utilizado para a Fobia Social.1,2
HISTÓRICO
Após mais de 12 anos tratando pacientes com queixa em ter mau hálito, embora os resultados dos tratamentos do hálito fossem excelentes, uma parcela significativa dos pacientes continuava a acreditar que seu mau hálito persistia, embora os testes realizados na clínica e em casa, com alguém de confiança do paciente, indicassem o contrário.
Foi então que em 2006 comecei a desenvolver um método para diagnosticar e tratar os pacientes, não só com relação ao seu hálito, mas também com relação à sua segurança, espontaneidade e autoestima. Após apresentar uma pesquisa na Conferência Internacional de Halitose3 em 2011, detalhei esse método em meu livro, Bom Hálito e Segurança, publicado em 2013.4
PESQUISA DO MESTRADO EM PSICOLOGIA
Utilizei a minha pesquisa de mestrado para validar o questionário que desenvolvi, o Inventário das Consequências da Halitose (ICH) que descrevi no meu post anterior. O segundo objetivo da pesquisa foi verificar a relação das consequências da queixa em ter mau hálito com os sintomas típicos do Transtorno de Ansiedade Social. Para isso os voluntários da pesquisa responderam tanto o ICH como 3 escalas de ansiedade social: o inventário de fobia social chamado SPIN, a sua versão breve chamada Mini-SPIN e a escala de Ansiedade Social de Liebowitz auto relato (LSAS-SR)
Os resultados da pesquisa confirmaram os dados que eu encontrava em anos de prática clínica atendendo pacientes com queixa em ter mau hálito. Os voluntários que tinham uma pontuação de 14 ou mais pontos no Inventário de Consequências da Halitose, que são a grande maioria, tinham mais de 50% de chances de ter os sintomas típicos de ansiedade ou fobia social. E para esses pacientes, uma abordagem de tratamento psicológica no tratamento da halitose é essencial para trazer bons resultados.
TRATAMENTO DAS CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DA HALITOSE
O tratamento das Consequências Psicológicas da Halitose, que é a metodologia utilizada na Clínica Halitus e no Protocolo de Tratamento Halitus, consiste em tratar o hálito e a segurança dos pacientes. Após o mau hálito estar devidamente controlado o paciente irá checar os resultados do tratamento tanto na clínica como em casa ou no trabalho com alguém de confiança. O objetivo é que com a repetição de ótimos resultados por várias semanas o paciente vá cada vez mais se sentindo seguro em relação ao seu hálito. Esse método chamado exposição ao vivo é derivado da psicologia comportamental, e foi adaptado ao tratamento da halitose.
Além disso, caso algum dia o paciente tenha mau hálito, durante o tratamento é ensinado a ele como identificar a origem do problema e o que fazer para resolvê-lo, ou em raros casos, pelo menos identificar a causa, para que esta não se repita.
RESULTADOS DA PESQUISA
A aplicação da exposição ao vivo resultou em uma redução significativa tanto nas Consequências Psicológicas da Halitose como nos sintomas típicos do Transtorno de Ansiedade Social. Em outras palavras, os voluntários da pesquisa se sentiram muito mais confiantes em relação ao seu hálito, melhotrando a sua qualidade de vida, demonstrando a importância do paciente checar o hálito com um confidente para recuperar a sua segurança. Outro fato que é essencial é o paciente se dedicar ao tratamento, pois diferente de outras áreas odontológicas, em que "o paciente apenas abre a boca, o dentista realiza o procedimento e o tratamento já deu certo", no tratamento da halitose a participação ativa do paciente para conquistar e manter os bons resultados é de extrema importância. Se o paciente não se dedicar diariamente a cuidar de seu hálito, por meio de um rotina de cuidados com os hábitos de higiene e hábitos alimentares, o mau hálito poderá se manifestar.
CONCLUSÃO DA PESQUISA
O diagnóstico das consequências psicológicas da halitose por meio do Inventário das Consequências da Halitose (ICH), é uma ferramenta que permite medir o impacto da queixa em ter halitose na vida de quem tem esse problema, avaliando o prejuízo na qualidade de vida dos pacientes. Outro fator de grande importância é o uso das escalas para avaliar os sintomas da Ansiedade Social, que devem ser utilizadas clinicamente no tratamento do mau hálito para verificar a possibilidade da presença dos sintomas típicos do Transtorno de Ansiedade Social.
O Protocolo Halitus de Tratamento da Segurança se demostrou eficaz na melhora da espontaneidade e segurança de uma expressiva parcela dos participantes da pesquisa, ainda que os mesmos não tenham tido a oportunidade de fazer retornos na clínica.
Todas as etapas do protocolo são inter-relacionadas e precisam ser seguidas para alcançar os melhores resultados, ou seja, é fundamental o paciente aprender sobre as consequências psicológicas do mau hálito e sobre o seu tratamento, que será feito por meio da exposição ao vivo. Quanto mais o paciente entender este passo a passo, maiores as chances dele aderir ao tratamento com comprometimento muito maior.
Nesse sentido, o material didático visando ensinar o paciente como checar o hálito bucal e nasal com um confidente, por meio do teste organoléptico do ar expirado pela boca e pelo nariz (Figura), como indentificar a origem do mau hálito (bucal ou sistêmico) e como detectar ou sanar as causas mais comuns da halitose, se estas ocorrerem, deve ter uma linguagem simples, clara e objetiva para facilitar sua aprendizagem. Em função da COVID-19, até que a situação se normalize, os testes do ar expirado devem ser feitos exalando o ar muito lentamente e realizados apenas com o conjugê, filhos, irmãos ou pais e nunca com pessoas que pertençam aos grupos considerados de risco, para minimizar ao máximo as chances de infecção cruzada.
O comprometimento dos pacientes no tratamento da halitose é fundamental, pois os profissionais dependem destes fazerem sua parte com dedicação para que os melhores resultados possam ser obtidos.
Além disso, é importante utilizar técnicas e produtos que consigam controlar satisfatoriamente a formação de saburra lingual e cáseos amigdalianos, permitindo não só o controle do mau hálito como também da alteração de paladar, o que será essencial quando o paciente for checar rotineiramente seu hálito com um confidente e nos retornos na clínica, por meio da exposição ao vivo.
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E caso queira ler o texto anterior a esse, acesse Consequências Psicológicas do Mau Hálito.
Referências Bibliográficas:
1- Conceicao, MD, Giudice FS, Carvalho LF. The Halitosis Consequences Inventory: psychometric properties and relationship with social anxiety disorder. BDJ Open. 2018;4:18002.
2- Conceicao MD. Relações entre consequências da halitose, ansiedade social e funcionamento evitativo em indivíduos com queixa de halitose. Itatiba/SP. Dissertação [Mestrado em Psicologia] - Faculdade de Psicologia da Universidade São Francisco; 2016.
3- Conceição MD, Chelegon MA. Diagnostic and Treatment of the Behavioral Alterations Due to Halitosis BADH). 9th Isbor International Meeting; Salvador – Brasil; 25-28 May 2011.
4- Conceição MD. Alterações Comportamentais Decorrentes da Halitose (ACDH). Bom Hálito e Segurança! Metas Essenciais no Tratamento da Halitose. 1 ed. Campinas - SP: Arte em Livros; 2013. p. 315-38.
Dr. Maurício Duarte da Conceição - CRO SP: 34.205
- Cirurgião Dentista, proprietário da Clínica Halitus, com 15 mil tratamentos de halitose realizados junto à sua equipe, e da Empresa de Produtos Halitus, desenvolvidos para auxiliar o diagnóstico e tratamento do Mau hálito, Cáseos amigdalianos, Boca seca e Boca amarga
- Pós-graduado em Halitose (Especialização) pela São Leopoldo Mandic - Campinas / SP
- Mestre em Psicologia pela Universidade São Francisco - Itatiba / SP (Curso Nota Máxima na CAPES = 7)
- Membro fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Halitose (ABHA)
- Autor do livro Bom Hálito e Segurança! Metas Essenciais no Tratamento da Halitose, publicado em Português e em Espanhol, a mais completa obra já publicada sobre o tratamento do mau hálito
- Autor do livro Confie no seu Hálito, Manual para ter um Hálito Agradável e se Sentir Confiante
- Desenvolveu diversas Técnicas de Diagnóstico e Tratamento nas áres de Mau hálito, Cáseos amigdalianos, Boca seca e Boca amarga (acesse as suas Pesquisas)
- Palestrante em Congressos Nacionais e Internacionais e autor de artigos científicos publicados no Brasil e no exterior, nas áreas de Mau hálito, Cáseos amigdalianos, Boca seca e Boca amarga
- Qualificou cerca de 250 Dentistas e Medicos no tratamento do Mau hálito, Cáseos amigdalianos, Boca seca e Boca amarga, no seu Curso Halitus Online
- Especialista de Dentística Restauradora pela USP - Bauru / SP
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